Um dos maiores exemplos de bondade e generosidade que tive a honra de conviver, cuidar, aprender, ter como amigo além de ser meu avô... Eduardo Lessa, meu grande herói. Meus amigos, quero que vocês conheçam um pouco mais sobre esse homem que tanto me enche de orgulho.
Eduardo Lessa, nasceu no dia 16 de março de 1923, no município de Coruripe, Estado de Alagoas. Filho de Aurélio da Trindade Lessa e Carolina Couto Lessa, teve 15 irmãos e desde de pequeno demostrava-se atencioso e dedicado à família. Aos 7 ou 8 anos, meu avô já ajudava seu pai na roça e na pesca. O que era cultivado na plantação que tinha no pequeno sítio em que moravam, era consumido pela família e parte era vendido ou trocado por produtos que lhes faltavam, na feira popular da região e o mesmo era feito com o peixes que traziam das águas de Coruripe.
Aos 17 anos, Eduardo Lessa viajou de navio para o Rio de Janeiro, com o objetivo de se alistar e servir a Marinha. Ao chegar no RJ, se alistou, mas foi reprovado no teste de visão e ficou na reserva. Mas pouco tempo depois foi convocado pois o Mundo se encontrava num clima muito tenso e tinha sido declarada a Segunda Guerra Mundial.
Segunda Guerra Mundial
O comandante de Mar e Guerra da Marinha brasileira, responsável pelo quartel em que meu avô era incorporado, convocou os fuzileiros navais do seu batalhão e perguntou qual deles aceitariam a missão de proteger durante 4 meses, um importante ponto estratégico do território brasileiro: a Ilha da Trindade, pertencente ao Estado do Espirito Santo na região Sudeste do Brasil. Meu avô e outros fuzileiros aceitaram a missão.
Ilha da Trindade
Eles viajaram no ano de 1942, programados para que a missão durasse 3 meses e acabaram passando 6 meses e 14 dias no total. O comandante do meu avô recebeu a informação do Brasil, de que as tropas que iriam rendê-los na ilha, não podiam chegar atá eles, pois, os navios estavam sendo torpedeados e naufragados pelos inimigos , era muito arriscado qualquer manobra de troca de guarda. O comandante do meu avô com a voz embargada pediu para que a tropa racionasse água e comida até a chegada dos novos militares na Ilha.
Navio militar da Segunda Guerra
Nesse período em que ficaram na ilha, meu avô passou por situações bem complicadas e verdadeiras aventuras. Ele contava sobre os porcos do mato, que uma vez atacaram um de seus colegas fuzileiro; de que na ilha existia uma antiga prisão abandonada; os militares tiveram que caçar e pescar para se alimentarem; Uma história interessante era a da cabritinha "Negrita". Ele falava rindo p/ mim sobre a cabrita que perdeu a mãe quando ainda mamava e os militares acabaram criando ela. O vô falava que a cabrita comia da mesma comida que eles e que quando eles deitavam-se no chão do acampamento era só chamar: Negrita..! Negrita..! E lá vinha ela correndo e deitava junto a eles. Meu avô dava gargalhada quando me contava essa história.
Mas nem tudo era alegria, eles sofreram muito, angustiados por não saberem o que poderia acontecer, sem poder sair daquele lugar. racionando água e comida. Até a chegada da ordem para o retorno do navio de guerra.
Após 6 meses seu retorno foi autorizado e iniciaram a viagem de volta. Meu avô falou que um de seus colegas fuzileiro estava doente e acabou morrendo no navio. Como estavam em alto mar e não tinha como armazenar o corpo no navio devido a infecções que poderia ser transmitidas pela decomposição. Foi dada a ordem pelo comandante para que se fosse feito um caixão improvisado e amarraram correntes no corpo p/ ser jogado no oceano e afundasse. O vô falava que nunca tinha visto um "enterro" em alto mar, ao som da banda militar do navio.
Outro fato que nunca esqueci meu avô contando, foi quando encontraram um náufrago, num bote salva vidas à deriva no oceano. Quando resgataram o homem acharam que já estava morto, até que os marinheiros perceberam que ele conseguia mexer o olhos. O náufrago sobreviveu, também era um militar e seu navio tinha sido torpedeado por submarino inimigo.
Eduardo Lessa participou da Segunda Guerra Mundial e graças a Deus... nunca precisou usar sua arma. Mas cumpriu seu dever com muita honra e coragem, arriscando sua vida para proteger nossa nação.
Após a Segunda Guerra Mundial, meu avô junto a outros fuzileiros, foram convidados a fazer uma viagem para a Europa para a realização da reforma do Navio Escola Almirante Saldanha.
Navio Escola Almirante Saldanha
Certificado dado aos militares
que ultrapassavam a Linha Equatorial.
Esse aí meu avô ganhou na viagem
a Europa.
Eduardo Lessa, ocupando seu posto
dentro do Navio Escola
Almirante Saldanha
Um dos últimos registros desse herói,
nesta foto ele está saboreando seu
bolo de aniversário de 89 anos.
Meu grande herói, Eduardo Lessa, faleceu em 20 de setembro de 2012. Mas a importância que ele tem em minha vida é tão grande que ele viverá para sempre em meu coração e minha mente. Muito obrigado por tudo meu amigo, meu filho, meu avô... Eduardo Lessa, Que Deus esteja contigo!
Oi Diogo, que exemplo de Homem foi meu tio, e seu avô não é? Muito linda, esta homenagem que vc. fez a ele, muito merecida sim..."in memorian"...realmente me emocionou, e vieram a minha mente, muitas lembranças boas do tempo que convivemos mais pertos em familia...ele viveu intensamente sua vida,teve muitas alegrias,e tristezas tb. como todos nós...mas, é o ciclo da vida!!! Hoje, ele está ao lado de Deus, descansando das "lutas"da vida...pois isto aqui, o Mundo emque vivemos, é um aprendizado...somos "empréstimos" de Deus...amei td. que vc. postou aqui...vc. tb. é um exemplo de superação...a Fran, enfim...cada um com sua história e alegrias e tristezas...mas Deus, nosso pai maior, sempre nós encoraja, aumentando nossa fé! só ele tudo pode. Um bjo grande em seu lindo coração! sua prima, Socorro Lessa
ResponderExcluirQuem teve a indigitada vida militar de conviver com o soldado, depois almirante Cândido da Costa Aragão, conhece as agruras e sofrimentos da caserna.
ResponderExcluirQue orgulho de ser um fuzileiro naval adsumus parabéns ao grande guerreiro veterano Eduardo Lessa uma bela história do naval...
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