domingo, 19 de maio de 2013

Acredite, sempre haverá uma nova oportunidade!







Olá! como estão?

     Sou Diogo Lessa, tenho 24 anos. Apesar de ser jovem, já tenho uma certa experiência de vida, que certamente várias pessoas estão vivenciando ou conhecem alguém que está passando pelo que passei. Vou contar um pouco da pior fase da minha vida p/ vocês, mas, tenho certeza que no final dessa história vocês verão o mundo um pouco diferente.

     Cara, a vida é muito massa de ser vivida, família, amigos, estudos, trabalhos, namoros... enfim. Mas também existem momentos em que ficamos sem chão e parece que nosso mundo acabou.

     No ano de 2009, comecei a sentir dores de cabeça, no início muito fraca mas frequente. Até que um dia acordei com muita febre e dor insuportável na cabeça. Procurei atendimento médico, pelo SUS, pois não tinha plano de saúde. Chegando lá, o diagnóstico foi virose. Fui p/ casa com dores, como não havia melhora e por morarmos em Maceió na capital de Alagoas, meus pais me levaram ao Hospital Geral do Estado, que fica bem próximo à minha casa. Fizeram uma tomografia do crânio na sexta e tinha que aguardar o resultado na segunda lá mesmo no corredor do HGE. Não consegui, pois já estava insuportável um instante se quer naquela situação. Assinei um termo de responsabilidade e fui p/ casa, até passar o fim de semana p/ retornar e ver o que tinha dado no exame.

            Na segunda feira, com o resultado em mãos, os responsáveis lá me encaminharam p/ o Hospital de doenças infectocontagiosas, suspeitando que estivesse com meningite. Chegando lá, me examinaram e decidiram me internar p/ tratar de uma possível meningite. Passei 40 dias tomando antibióticos quimioterápicos na veia, mas o pior era que fazia paralelamente um acompanhamento médico particular com um neurocirurgião, fiz várias ressonâncias da cabeça enquanto interno e o neuro só dando hipóteses. Fizemos rifas, recebemos doações p/ poder pagar esse acompanhamento que no fim das contas só me prejudicou, pois o tempo que perdi com esse erro médico foi muito perigoso.

            Após o responsável do setor do hospital perceber que era em vão me manter internado, recebi alta passei um mês mais ou menos sendo acompanhado pelo neuro enquanto estava em casa. Via-me cada dia que passava pior, decidimos pedir ajuda de familiares do RJ. Quando souberam da situação que me encontrava, nos deram todo apoio p/ viajar, pois lá existem mais hospitais especializados.

            Para conseguir auxilio do Governo do Estado, entramos com o processo de tratamento fora de domicilio (TFD), na Secretária Estadual de saúde. Nunca chegou a resposta desse processo. Viajamos por conta própria, fizemos rifas novamente, recebemos doações, meu falecido avô também sempre dando um suporte, meus familiares daqui e do RJ, amigos... Fizeram uma corrente muito forte não só p/ levantar fundos p/ viagem mas principalmente de força, de fé, demonstração realmente de amor ao próximo.

            No dia da viagem, me encontrava tão debilitado que já enxergava com dificuldade, não conseguia andar, a dor era tão intensa que nem remédio na veia fazia mais efeito. Minha mãe assinou um termo de responsabilidade, pois havia risco de morte.

            Chegando ao RJ, fiquei na casa de meu tio-avô Luiz, em Niterói. Meus primos conseguiram uma consultar no INCA (Instituto Nacional do Câncer). Chegando lá fui atendido pelo neurocirurgião Dr. Antônio Aversa, do setor de cabeça e pescoço do INCA. Lá mostrei os mesmos exames que o neuro daqui de Maceió analisou, e logo Dr. Antônio deu o diagnóstico de que estava com um tumor no cérebro, me internou de cara e no dia seguinte fui submetido a uma cirurgia para ser feita a biópsia e retirada da pressão intracraniana, pois o tumor causou hidrocefalia e o acumulo de liquido já estava esmagando meu cérebro. O resultado da biopsia foi de que era câncer (germinoma), na glândula pineal no cérebro. Dr. Antônio me falou que se tivesse demorado mais 2 ou 3 dias teria morrido devido ao agravamento causado pela demora no diagnóstico.

     Cirurgia                                           A Radiação também
 queima a pele                   

                           Mais um efeito colateral da
                        radioterapia (queda de cabelo)

            Fui submetido a 22 sessões de radioterapia e graças a Deus o tumor desapareceu! Foi uma fase muito difícil da minha vida não só p/ mim, mas também p/ todos que sempre estiveram ao meu lado.

                  Eu e minha Dna Graça, minha mãe guerreira


                Devido ao a gravidade do meu caso e ao tratamento, meu nervo óptico foi lesionado e hoje estou com sequela na visão, diplopia (visão dupla). Estou de benefício do INSS e tranquei a minha faculdade, mas não tenho do que reclamar, o pior já passou só tenho a agradecer a Deus pela graça alcançada!

            Apesar de todo sofrimento, sempre tem um lado positivo, sempre tem. Aprendi muito com tudo isso, hoje vejo o mundo com outros olhos, dou mais valor a tudo e a todos que sempre estão comigo. Hoje estou vivendo a segunda chance que Deus me deu, aproveito cada instante. Até mesmo uma paisagem que antes passava despercebida, um pôr do Sol, uma bela Lua de noite estrelada, são presentes que Deus nos dá a cada dia e que hoje agradeço a Deus por abrir os olhos e poder apreciar toda essa maravilha.

            É como diz aquele ditado: “Deus escreve certo por linhas tortas”. Realmente, quando voltei do RJ, tive umas das melhores experiências da minha vida. Já me sentindo recuperado do tratamento, vi meu avô com 88 anos morando só com minha tia especial, resolvi viver com eles, mas sempre com o apoio da família por perto. Cuidei do avô Eduardo Lessa como se fosse meu filho. Apesar do quanto que era desgastante p mim fisicamente todo o esforço, de todos os afazeres que engloba a responsabilidade dos cuidados que temos que ter com um idoso, valia muito a pena quando via seu lindo sorriso. Com a convivência, só em ver a fisionomia dele já sabia quando estava sentindo dor ou quando precisava de alguma coisa. Ele era ex-combatente da marinha, foi um grande herói brasileiro, tenho muito orgulho de poder ter feito parte de sua vida e ter convivido com ele. Tenho certeza que esses dois últimos anos da vida dele foram os mais especiais, fizemos festa de aniversário que ele nunca teve, lhe apresentei a vários amigos, a família estava sempre em nossa casa. Tiramos várias fotos, jogamos muito dominó que ele adorava, ouvia as histórias da guerra às vezes 3 a 4 vezes no dia, mas p/ ele era como se fosse a primeira vez que contava e eu ouvia e também perguntava o que já tinha decorado de tanto ouvi-lo. Mas tudo isso com certeza também foram uns dos anos mais felizes da minha vida.

     Meu vô 
Eduardo Lessa e eu

            Quando resolvi criar esse blog, foi pensando em passar um pouco da minha experiência e quero que sirva de motivação p/ qualquer ser humano que como eu também passa por alguma dificuldade ou apenas p/ que sirva de motivação p/ vencer as barreiras da vida. Quando nos encontramos perdidos, sem saber o que fazer, diante de um problema seja qual ele for, não se desespere, existem pessoas em situações bem piores que a nossa e ainda mantêm a fé, esperança e o sorriso no rosto. 

   E a vida continua, família reunida na 
comemoração dos 24 anos, meus e do meu irmão gêmeo Diego
                                                      
                                                          Tenha fé em Deus sempre!  

                                                                                                                 Obrigado pela atenção!

Diogo Lessa