Olá! como estão?
Sou Diogo Lessa, tenho 24 anos. Apesar de ser jovem, já tenho uma certa
experiência de vida, que certamente várias pessoas
estão vivenciando ou conhecem alguém que está passando pelo que
passei. Vou contar um pouco da pior fase da minha vida p/ vocês, mas, tenho
certeza que no final dessa história vocês verão o mundo um pouco diferente.
Cara, a vida é muito massa de ser vivida, família, amigos, estudos,
trabalhos, namoros... enfim. Mas também existem momentos em que ficamos sem
chão e parece que nosso mundo acabou.
No ano de 2009, comecei a sentir dores de cabeça, no início muito fraca
mas frequente. Até que um dia acordei com muita febre e dor insuportável
na cabeça. Procurei atendimento médico, pelo SUS, pois não tinha plano de
saúde. Chegando lá, o diagnóstico foi virose. Fui p/ casa com dores, como não
havia melhora e por morarmos em Maceió na capital de Alagoas, meus pais me
levaram ao Hospital Geral do Estado, que fica bem próximo à minha casa.
Fizeram uma tomografia do crânio na sexta e tinha que aguardar o resultado na
segunda lá mesmo no corredor do HGE. Não consegui, pois já estava insuportável
um instante se quer naquela situação. Assinei um termo de responsabilidade e
fui p/ casa, até passar o fim de semana p/ retornar e ver o que tinha dado no
exame.
Na segunda feira, com o resultado em
mãos, os responsáveis lá me encaminharam p/ o Hospital de doenças
infectocontagiosas, suspeitando que estivesse com meningite. Chegando lá, me
examinaram e decidiram me internar p/ tratar de uma possível meningite. Passei
40 dias tomando antibióticos quimioterápicos na veia, mas o pior era que fazia
paralelamente um acompanhamento médico particular com um neurocirurgião, fiz
várias ressonâncias da cabeça enquanto interno e o neuro só dando hipóteses.
Fizemos rifas, recebemos doações p/ poder pagar esse acompanhamento que no fim
das contas só me prejudicou, pois o tempo que perdi com esse erro médico foi
muito perigoso.
Após o responsável do setor do
hospital perceber que era em vão me manter internado, recebi alta passei um mês
mais ou menos sendo acompanhado pelo neuro enquanto estava em casa. Via-me cada
dia que passava pior, decidimos pedir ajuda de familiares do RJ. Quando
souberam da situação que me encontrava, nos deram todo apoio p/ viajar, pois lá
existem mais hospitais especializados.
Para conseguir auxilio do Governo do
Estado, entramos com o processo de tratamento fora de domicilio (TFD), na
Secretária Estadual de saúde. Nunca chegou a resposta desse processo. Viajamos
por conta própria, fizemos rifas novamente, recebemos doações, meu falecido avô
também sempre dando um suporte, meus familiares daqui e do RJ, amigos...
Fizeram uma corrente muito forte não só p/ levantar fundos p/ viagem mas principalmente
de força, de fé, demonstração realmente de amor ao próximo.
No dia da viagem, me encontrava tão
debilitado que já enxergava com dificuldade, não conseguia andar, a dor era tão
intensa que nem remédio na veia fazia mais efeito. Minha mãe assinou um termo
de responsabilidade, pois havia risco de morte.
Chegando ao RJ, fiquei na casa de
meu tio-avô Luiz, em Niterói. Meus primos conseguiram uma consultar no INCA
(Instituto Nacional do Câncer). Chegando lá fui atendido pelo neurocirurgião Dr.
Antônio Aversa, do setor de cabeça e pescoço do INCA. Lá mostrei os mesmos
exames que o neuro daqui de Maceió analisou, e logo Dr. Antônio deu o
diagnóstico de que estava com um tumor no cérebro, me internou de cara e no dia
seguinte fui submetido a uma cirurgia para ser feita a biópsia e retirada da
pressão intracraniana, pois o tumor causou hidrocefalia e o acumulo de liquido
já estava esmagando meu cérebro. O resultado da biopsia foi de que era câncer (germinoma), na glândula pineal no cérebro. Dr. Antônio me falou que se tivesse demorado
mais 2 ou 3 dias teria morrido devido ao agravamento causado pela demora no
diagnóstico.
Cirurgia A Radiação também
queima a pele
Mais um efeito colateral da
radioterapia (queda de cabelo)
radioterapia (queda de cabelo)
Fui submetido a 22 sessões de
radioterapia e graças a Deus o tumor desapareceu! Foi uma fase muito difícil da
minha vida não só p/ mim, mas também p/ todos que sempre estiveram ao meu lado.
Eu e minha Dna Graça, minha mãe guerreira
Devido ao a gravidade do meu caso e ao tratamento, meu nervo óptico foi lesionado e hoje estou com sequela na visão, diplopia (visão dupla). Estou de benefício do INSS e tranquei a minha faculdade, mas não tenho do que reclamar, o pior já passou só tenho a agradecer a Deus pela graça alcançada!
Apesar de todo sofrimento, sempre tem um lado
positivo, sempre tem. Aprendi muito com tudo isso, hoje vejo o mundo com outros
olhos, dou mais valor a tudo e a todos que sempre estão comigo. Hoje estou
vivendo a segunda chance que Deus me deu, aproveito cada instante. Até mesmo
uma paisagem que antes passava despercebida, um pôr do Sol, uma bela Lua de
noite estrelada, são presentes que Deus nos dá a cada dia e que hoje agradeço a
Deus por abrir os olhos e poder apreciar toda essa maravilha.
É como diz aquele ditado: “Deus
escreve certo por linhas tortas”. Realmente, quando voltei do RJ, tive umas das
melhores experiências da minha vida. Já me sentindo recuperado do tratamento,
vi meu avô com 88 anos morando só com minha tia especial, resolvi viver com eles,
mas sempre com o apoio da família por perto. Cuidei do avô Eduardo Lessa como
se fosse meu filho. Apesar do quanto que era desgastante p mim fisicamente todo
o esforço, de todos os afazeres que engloba a responsabilidade dos cuidados que
temos que ter com um idoso, valia muito a pena quando via seu lindo sorriso.
Com a convivência, só em ver a fisionomia dele já sabia quando estava sentindo
dor ou quando precisava de alguma coisa. Ele era ex-combatente da marinha, foi
um grande herói brasileiro, tenho muito orgulho de poder ter feito parte de sua
vida e ter convivido com ele. Tenho certeza que esses dois últimos anos da vida
dele foram os mais especiais, fizemos festa de aniversário que ele nunca teve,
lhe apresentei a vários amigos, a família estava sempre em nossa casa. Tiramos
várias fotos, jogamos muito dominó que ele adorava, ouvia as histórias da
guerra às vezes 3 a 4 vezes no dia, mas p/ ele era como se fosse a primeira vez
que contava e eu ouvia e também perguntava o que já tinha decorado de tanto
ouvi-lo. Mas tudo isso com certeza também foram uns dos anos mais felizes da
minha vida.
Meu vô
Eduardo Lessa e eu
Eduardo Lessa e eu
Quando resolvi criar esse blog, foi
pensando em passar um pouco da minha experiência e quero que sirva de motivação
p/ qualquer ser humano que como eu também passa por alguma dificuldade ou
apenas p/ que sirva de motivação p/ vencer as barreiras da vida. Quando nos
encontramos perdidos, sem saber o que fazer, diante de um problema seja qual
ele for, não se desespere, existem pessoas em situações bem piores que a nossa
e ainda mantêm a fé, esperança e o sorriso no rosto.
E a vida continua, família reunida na
comemoração dos 24 anos, meus e do meu irmão gêmeo Diego
Tenha fé em Deus sempre!
Obrigado pela atenção!
Diogo Lessa