quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Segunda batalha contra o câncer

     


        Caros amigos, estou aqui para contar um pouco sobre mais uma barreira superada em minha vida.



      No ano de 2013, por volta do mês de Maio, comecei a sentir dores em minhas pernas. De início, pensei que fosse algum problema muscular. Me recomendaram usar colete p/ correção da coluna, fiz sessões de fisioterapia, fui p/ vários especialistas também, pois, as dores só aumentavam. Mas nenhum deles conseguiram descobrir a origem do meu problema. 

     Certo dia, além das fortíssimas dores também passei a perder um pouco da sensibilidade na região do quadril. Fui novamente ao médico e exigir uma ressonância magnética do coluna completa. 

Exame de imagem: ressonância magnética






      Fiz o exame, e lembro-me que na véspera de pegar o resultado não conseguia dormir. Sentindo muita dor deitado em minha cama, chorando, conversei com Deus e pedir p/ que no exame mostrasse a origem daquele sofrimento.  No dia seguinte, a tarde fui pegar o resultado, mas, só abri em casa. Ao ler as palavras germinôma e metástase no resultado, passou um filme em minha cabeça. Lembrei da primeira batalha contra o câncer. Esse tipo de tumor: germinôma, é comum se desenvolver no cérebro, na coluna ou nos testículos.

   No outro dia, bem cedo, fui em busca de um neurologista p/ avaliar o exame. Lembrei da Drª que cuidava de meu avô que aceitou ver o resultado. Ao ver as imagens do exame, ela se assustou e a primeira coisa que ouvir foi: Meu Deus...! Diogo você tem que fazer tratamento urgente, o câncer voltou e já está bem desenvolvido.  Mas, dessa vez o tumor já estava envolvendo a parte de baixo da minha coluna e se espalhando entre bexiga e intestino. 

      Saímos eu e minha mãe do consultório chorando e desesperado. Na porta do hospital mesmo, liguei p/ meus familiares no RJ falando o que estava acontecendo, quando cheguei em casa já tinham enviado as passagens por e-mail. Eu e minha mãe viajamos no dia seguinte.

    Chegando lá, meu tio Luiz nos recebeu de braços abertos e nos acolheu mais uma vez em seu lar. Localizado em Niterói, município do Estado do RJ.

Em busca da cura, viajamos p/ outro Estado. Desde a primeira batalha, Alagoas nunca me deu assistência  médica digna, que todos nós cidadãos deveríamos receber. E a cada Governo que passar, só piora a situação do nosso Estado.
                   
                     

                       

Quando contei o motivo da viagem, o comandante da aeronave, me deu permissão de assumir o comando kkkkkkkk...

    Deus sempre nos mostra que está presente, até mesmo através dos anjos que põe em nossos caminhos. Minha família do Rio de Janeiro, expressa exatamente esse sentimento. Chegando ao lá, ficamos hospedados na casa de meu tio Luiz, em Niterói. Além desse grande homem que sempre me estendeu a mão quando mais precisei, Deus também me proporcionou a honra de estar ao lado de mais pessoas generosas, de corações enormes, gentis e admiráveis...

                       
Tio Luiz, Obrigado por tudo!!!!

Início de mais uma batalha, seguimos pela Ponte Rio-Niterói com destino ao INCA (Instituto Nacional do Câncer), centro do RJ. 




       Ao ser atendido no ambulatório de Neurologia, fui encaminhado p/ avaliações com especialistas na radioterapia e quimioterapia. Iniciei o tratamento com a quimio, 3 ciclos de 7 sessões cada. A quimioterapia pode ser feita através de várias formas: 

Intravenosa (IV): A medicação vai diretamente na veia. É o método mais comum de administração de quimioterapia (forma de dar a medicação). Uma dose de quimioterapia intravenosa geralmente dura de alguns minutos a algumas horas, porém, algumas drogas são mais eficazes quando administradas em uma taxa lenta e contínua durante alguns dias, ou semanas, de cada vez.

Oralmente: O medicamento é tomado pela boca e engoliu como um comprimido, cápsula ou líquido.

Injeção: O medicamento é administrado com uma injeção no músculo ou à parte de gordura do braço, perna e no abdômen.

Intra-arterial (IA): O medicamento vai diretamente para a artéria que está fornecendo sangue para o câncer.

Intraperitoneal: O medicamento vai diretamente para a cavidade abdominal ou peritoneal (a parte do corpo que contém os intestinos, fígado, estômago e em mulheres, os ovários).

       A escolhida pelos médicos no meu caso a de: 3 ciclos de 7 sessões cada intravenosa. Iniciei o tratamento logo após fazer os exames de sangue e ser liberado p/ receber a quimioterapia. Logo na primeira sessão, percebi que o que viria pela frente seria muito pesado.


   O cuidado que os profissionais desse hospital tem com os pacientes, é digno de elogios. Antes da primeira aplicação, o paciente passa pelo consultório da enfermagem, e lá, são tiradas todas as duvidas sobre o tratamento, as medicações que auxiliam na diminuição dos efeitos colaterais entre outros. Recebemos uma verdadeira palestra, foi muito importante p/ mim.

     Com essa maneira dos médicos, enfermeiros, maqueiros, enfim... de todos os funcionários lidarem com os pacientes, ficamos mais tranquilos e o medo diminui. Porque acredito que o medo é causado pela falta de informação e atenção. Quando sabemos o que iremos enfrentar e quando recebemos a atenção necessária de quem está trabalhando em prol da nossa saúde, tudo fica menos angustiante.   



O medicamento desce junto ao soro pela mangueira, constantemente impulsionado pela bomba. 

O tratamento é tão forte que ao ser injetada a medicação, bate logo um cansaço no corpo, fraqueza, a cabeça pesa... É tenso, é preciso muita fé e força de vontade, aos poucos fui me acalmando. Todos os pacientes tem direito a um acompanhante durante todo o tratamento. Minha mãe estava sempre presente, me dando força ao longo das 4 horas de cada sessão. 

      Com o passar dos dias e aplicações, foram surgindo os primeiros efeitos colaterais. Dor na cabeça, enjoos, falta de apetite e cansaço. Os sintomas vão muito além desses que tive no início, podemos sentir também: 

Anemia; Constipação; Diarreia; Dor; Fadiga;  Infecção; Infertilidade;  Mudanças de Apetite/ Hábitos alimentares; Mudanças na Boca e Garganta; Mudança na pele e nas unhas; Mudanças no Sistema Nervoso Central;  Mudanças no Sistemas Urinário; Mudanças Sexuais; Perda de Cabelo; Sangramento;  Náusea e Vômito.

        Certo dia, fui ao hospital, fiz a minha sessão de quimioterapia e retornei ao apartamento do tio. Passei o dia bem, até o momento em que fui dormir. Comecei a sentir dores em meus dois joelhos, tomei analgésico, mas não passava. As dores foram aumentando de tal forma que parecia que meus joelhos estavam quebrando, chorei como uma criança, pedia força à Deus p/ resistir. Já era tarde da noite, pegamos um táxi eu e minha mãe e partimos p/ a emergência do INCA. Lá tiraram raio X, tomei medicação p/ dor, fui melhorando até a conclusão do médico. Ele disse que a dor tinha sido um efeito colateral da quimioterapia. Meus amigos, foi a dor mais forte que já sentir em toda minha vida. 

      Após o primeiro ciclo de sete sessões, foi necessário a minha internação.  tive uma crise de sinusite causada pela baixa imunidade. A química que destrói o tumor, também destrói as células do sistema imunológico (O sistema imunológico humano ,consiste numa rede de células, tecidos e órgãos que atuam na defesa do organismo contra o ataque de invasores externos), ficando assim, exposto as reações citadas à cima. Para me recuperar, suspenderam a quimioterapia, tomei medicações p/ acabar com os sintomas e quando os resultados dos exames deram normais, tive alta. 

      Com a liberação do médico, retomei o tratamento e partir p/ o segundo ciclo de 7. Mas, antes da conclusão  surgiram os sintomas de diarreia e fortes dores no estomago.Continuei o ciclo, mas, as dores aumentaram e a diarreia também. Fiz novos exames de sangue e outra vez... minha imunidade tinha sido afetada, dessa vez causando colite (infecção e inflamação no intestino).




Minha mãe sempre apoiando e cuidando de mim. 



Meu pai chegou ao RJ no decorrer do tratamento, foi muito importante ter meus dois grandes incentivadores e protetores ao meu lado. 

Colite me deixou muito mal, sentia dores no abdomem muito fortes, diarreria intensa, fraqueza, febre e enjoos. O tratamento foi feito com antibióticos, muito liquido e dieta até o intestino se recuperar. Após uns 15 dias internado, os resultados dos exames já mostravam melhoras no quadro da infecção. Fui liberado sob avaliação médica p/ fazer mais 5 sessões de quimioterapia no leito do hospital mesmo, e tive alta logo depois.

      Fui levado p/ casa de meu tio Luiz, em Niterói, pela ambulância do INCA. Dei graças a Deus por estar fora do hospital. Seguia todas as recomendações medicas, durante o dia, tudo corria bem até que ao anoitecer as dores no abdomem voltaram e a diarreia também. Fiquei muito tenso e preocupado, pois, havia acabado de ter alta. Ligamos p/ um táxi e no mesmo dia voltamos p/ o INCA. 

        Chegando na emergência, fui medicado e recebi logo a notícia do médico de plantão: Diogo... você vai ter que ficar internado de novo, seu intestino ainda está com colite. Respondi que tudo bem, e que só voltaria p/ casa curado.

        Passei algumas horas na emergência, até surgir uma vaga nas enfermarias. Dessa vez fiquei em um dos leitos do 6º andar, responsável pelo tratamento na região do abdomem. Lá no INCA, cada andar trata de partes específicas do corpo. Tipo, em 2009 fiquei internado no 8º andar, que trata de doenças na região da cabeça e pescoço. Eles também priorizam bastante a organização, como deveria ser em todos os lugares.

       Dessa vez a colite voltou forte, meu corpo inchou muito e os sintomas ficaram mais fortes ainda. Tomei antibióticos dos mais fortes e fiz vários exames que avaliavam a reação do organismo. Não conseguia me levantar da cama, de tão inchada que as pernas e a barriga estavam. Tive trombose no cateter que puseram em meu braço, usava fraldas, aproximadamente a cada 3 horas já estava sujo e tinham que trocar de novo. Tomei muita morfina injetável p/ aliviar as dores no abdomem; no momento em que não conseguiram mais pulsionar minhas veias do braço p/ receber os medicamentos, os médicos me perguntaram se poderiam pôr um cateter num veia profunda mas, que iria doer um pouco. Respondi que sim, claro! O que eu quero é ficar bem, ser curado, façam tudo o que for preciso. Mas confesso que esse procedimento de pôr um cateter no pescoço, foi um dos piores que já fui submetido. 



      O senhor me conforta e me faz ter forças

p/ lutar sempre por dias melhores



Sempre com muita fé em Deus, que me faz lutar pela vida, com a chegada de meu pai ao RJ p/ me apoiar também e as orações de todos aqueles que me conhecem e até mesmo de quem ainda não tive a oportunidade de conhecer, fui melhorando aos poucos. Dessa vez passei mais 10 dias internado tratando da colite, até o dia da tão esperada alta. Retornei a casa de meu tio, mas, levo sempre na memória a lembrança dos vários médicos, enfermeiros e pacientes que reencontrei e conheci durante essas 3 internações e sessões de quimioterapia. 
      Os próximos passos que foram dados: fiz mais uma Ressonância Magnética da Coluna completa, p/ saber se todo o tratamento teve a ação desejada, ou seja, se o tumor tinha sumido com a quimioterapia e a espera ansiosa de uma semana p/ saber do resultado em duas consultas no hospital. 



     Expectativa p/ o dia do resultado



     A primeira consulta foi com o neurocirurgião, grande Dr. Antônio Aversa, mais uma vez me disse o que tanto tive fé p/ conquistar... graças a Deus, o tumor sumiu e você esta liberado. A sensação de saber que você está curado de um câncer é inexplicável. Só Deus mesmo p/ nos dar força p/ vencer barreiras como essa. No dia seguinte, retornei ao INCA dessa vez p/ consulta com a médica da Oncologia (também denominada, no Brasil, como Cancerologia, é a especialidade médica que estuda os tumores, no organismo, que podem ser: benignos ou malignos (neoplasmas ou cânceres), podendo ser localizados ou disseminados por todo o corpo.), a decisão dela foi muito importante porque, foi definida a finalização da quimioterapia e a data do retorno p/ as revisões. 

           Obrigado meu Deus, que sempre esteve ao meu lado, me fortalecendo e acalmando nos momentos de desespero e fazendo parte nos de felicidade também. Porque Deus é amor, é paz, é a energia que move todas as pessoas, na alegria e na dor. Basta você crer! 


            Minha eterna gratidão também à todos os meus familiares e amigos do RJ, sem vocês, seria muito mais difícil vencer. Desejo que Deus retribua em dobro tudo o que vocês tem feito em minha vida!

       Meu agradecimento também à todos os funcionários do INCA, desde o vigilante da recepção, até as atendentes, médicos, enfermeiros, copeiras, faxineiros... à todos, Muito obrigado por cuidarem bem de mim!
Amo vocês!

       E muito obrigado à minha família e amigos, que sempre me apoiaram, torceram e pediram a Deus por minha recuperação. Existem pessoas que ainda não conheço, mas, que oraram por mim. Fiquei muito feliz em saber. Obrigado de coração! 

     Meus amigos, peço um favor à vocês... Divulguem minha história de fé e superação. Sei que essas palavras servirão de exemplo p/ motivar muitas pessoas. Tenham certeza, existem muita gente por aí reclamando à toa da vida, mas basta olhar p/ o lado e ver que sua dificuldade não é maior do que a do nosso próximo. 


      Não espero nada em troca, só estou fazendo a minha parte p/ fortalecer o sentimento de fé e esperança em cada um de nós. Pequenas atitudes, fazem a diferença na vida.


Fontes:





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